O passado sempre parece mais próximo do que realmente está... E isso perturba. Como se você precisasse trazer a tona algo relativamente marcante (de bom ou ruim) para perto. Pra lembrar da sua existência. Pra lembrar e sorrir ou chorar com algo que viveu. Eu não quero trazer mais nada para perto. Já quis muitas coisas de volta. Quis que elas permanecessem no presente e estivessem cada vez mais consolidadas no futuro. Mas hoje eu aprendi e quero que as lembranças fiquem exatamente onde devem ficar. Lá atrás. Que elas criem mofo de tanto afastamento, adquiram um tom acinzentado de tempo que passou e que não é pra voltar. Afastamento não quer dizer esquecimento. Quer dizer lembrar de alguma coisa e, quem sabe, conseguir sorrir sem esperar nada em troca. Em plena neutralidade. Que todas as lembranças boas, respirem. Que todas as outras, mofem. Se um dia eu sentir falta, que eu encontre a indiferença em primeiro lugar. Em algum lugar.