terça-feira, 28 de outubro de 2008

Banho demorado

São 19h e ela teve mais um dia de trabalho estressante. Não quer ter que teminar trabalho nenhum em casa. Agora está no trânsito, sem rádio no carro e com um engarrafamento dos infernos para enfrentar. Como a cidade fica cinza e insuportável nessas horas, ela pensa ao olhar pela janela. As cores no sinaleiro mudam, entre o vermelho, amarelo e verde, mas o seu carro mal sai do lugar. Que desespero, ela grita. A única coisa que ela queria e precisava bem agora era de um bom banho. Um banho bem demorado...

Apoiou a cabeça no encosto do banco e começou a divagar. O sorriso apareceu ao lembrar que seus melhores banhos acontecem quando o namorado está junto para ajudá-la a relaxar. Só ele sabe a facilidade com que ela se deixa afetar pelos problemas e o quanto suas massagens e companhia se fazem necessárias nessas horas. Será que ele vai aparecer hoje? Não moram juntos, mas namoram há tanto tempo que é natural ele ter uma cópia da chave do seu apê. Enquanto o carro acelerava uns poucos metros e parava, ela ia pensando no tão esperado ritual do banho...

Geralmente, antes de entrar no box e enrolada pela toalha, ela sai em busca dele pela casa. Às vezes ele está assistindo à TV; outras está preparando o que comer, quando não, atacando a geladeira em busca de uma cerveja. Independente do que for, ela olha pra ele e com toda inocênca do mundo, pergunta: ajuda eu? A toalha cai, 'propositadamente sem querer', e pronto. Ele já está mais do que disposto a ajudá-la... Às vezes, ela apenas grita escandalosamente de dentro do banheiro e ele sai em disparada, achando que ela caiu, se machucou ou viu alguma barata nojenta e que não tem capacidade pra matar. Mas não, é sempre ela querendo a ajuda dele...

Lembra com sofreguidão do quanto é bom quando ele a agarra pela cintura e começa a empurrá-la devagar para debaixo do chuveiro. A água que cai, ainda fria, vai deixando toda a pele dela arrepiada. Ela treme de frio enquanto ele desliza as mãos pelo corpo dela para ajudá-la a se acostumar com a temperatura da água. É bom alternar jatos quentes e frios, pois faz bem para pele. Quando ele ajeita os cabelos dela para trás da orelha, ela o beija e fica assim: abraçada ao corpo dele... Deslizando as próprias mãos naquela pele já escorregadia e branquinha. Ele vai massageando o cabelo dela, ela fecha os olhos e quase delira com o toque ora suave, ora firme de suas mãos. Era como se todos os problemas do mundo fossem desaparecer da sua cabeça de vento...

Logo, a água vai tirando toda a espuma, ele vai ajudando com as mãos, passando-as pelo rosto dela, pelos ombros, por sua nuca... Sempre com a suavidade e firmeza nos toques. Os músculos antes retesados, começavam a relaxar ao simples toque daquelas mãos. Ela sorria de felicidade e ele ainda nem tinha começado a ensaboar o seu corpo tão pequeno e cansado... Sentir o sabonete deslizar pelo seu colo, seios, sua barriga, para logo se perder em suas costas é simplesmente arrebatador. E aí ele vai descendo pelo bumbum, por suas coxas, panturrilhas, pés, até começar a subir de novo... Desta vez, pela frente... Ela aproveitava e esfregava o corpo já ensaboado no dele e seguia a seqüência que ele mesmo costumava fazer... No fim, ficavam os dois abraçados, bailando, embaixo do chuveiro enquanto a água ia levando embora a sujeira de mais um dia estafante de trabalho...

Entre o vermelho, amarelo e verde já ofuscantes, a esperança de que ele esteja lá para ajudá-la...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

26:11

Daqui a um mês é meu aniversário. É mais um ano que passa e eu não sei ao certo o que comemorar. Com 27 anos eu já me via casada, com uma casinha linda, mãe de no mínimo 2 filhos - não necessariamente um casal - e com um trabalho que me rendesse, antes de tudo, satisfação pessoal. Claro que uma boa graninha pra poder viver e pagar as contas, além de ususfruir de tooodos os meus luxos (que na verdade nem são tantos assim) seria ótimo. Essa era a vida que eu esperava e queria ter quando eu tinha uns 15 anos...

Os 27 anos estão chegando e, no entanto, estão vindo sem tooodo o resto. Não sou casada, não tenho filhos, não tenho emprego, muito menos o dinheiro pra poder (sobre)viver. Pra você ter uma idéia, até manicure virou luxo e acho que é uma boa desculpa pra começar a roer as unhas. De qualquer forma, acho que é hora de mentalizar a minha vida daqui uns 10 anos (que é tempo considerável pra eu mexer a minha bundinha e conseguir ao menos uma das coisas que eu sempre quis). Vou tentar ser a mais realista possível, dentro da minha realidade já um tanto fracassada... Relaxa, esse não é mais um post deprê, eu até acho graça quando falo da minha vida!

Quanto a casar, não estou nem perto. Me contentaria em apenas 'morar junto', mas me falta o namorado corajoso que se sujeite a aturar os meus quase 27 anos de manias, vícios, frescuras e chatices (algumas sem fundamento ou explicação, eu admito). Cortemos o marido pq é muito provável que ele não apareça mesmo. Minha vida pessoal e afetiva vai se resumir a casinhos complicados e relâmpagos - aquele tipo que eu atualmente odeio - . De falta de sexo é que eu não vou morrer, I hope!

Os filhos eu posso ter, mas vou ter que me contentar com um - como iria sustentar mais de um 'bichinho' se nem a mãe consegue se sustentar direito? Ter um fillho hoje em dia já é caro, imagine mais de um! A questão é se vou ter por método normal (o mais interessante e barato), inseminação artificial, fertilização in vitro, e etc e tal. Ainda preciso me atualizar sobre os métodos - eu estou meio por fora. E também vai uma boa grana nesse processo...

O trabalho, bom, não estou com saco pra pensar no trabalho no momento. É uma questão puramente de grana e eu não sou materialista! Não é pecado querer ter dinheiro pra poder fazer as coisas que se quer. Mas é provável que algo surja, não precisa nem ser na minha área. Dificilmente eu fique no mesmo lugar por longos 10 anos já que rotina é algo que eu tenho evitado criar... Uma hora ou outra, me estressa, me cansa, me irrita e eu preciso mudar...sempre. Meus planos para os 37? Bom, nem tudo parece perdido já que o baby e o trabalho eu consigo antes deste novo prazo de 10 anos vencer...

Mas voltando ao presente: lógico que eu agradeço e comemoro todo dia o fato de ter saúde, uma família que me ama e amigos que me apóiam. As pessoas com as quais convivo fazem toda a diferença pra mim. São o meu mundo! Quando falo que não tenho muito o que comemorar, quero dizer que não tenho nada, absolutamente NADA das coisas que planejei e quis - ainda quero - pra MIM! E isso é frustrante porque são coisas que não dependem de nada e nem ninguém. Não posso simplesmente ganhar um marido de presente ou uma passagem de ida pra Índia! São 'presentes' que dependem única e exclusivamente da Letícia. Não sei como deixei as coisas chegarem a esse ponto, mas chegar aos meus 27 anos sem perspectiva e totalmente fodida realmente não fazia parte dos meus planos... C'est la vie!

Anyway, que o dia 26 de novembro chegue logo e leve embora todo esse inferno astral maldito! Todas as minhas expectativas frustradas, os meus desejos não realizados e os meus planos antigos. No dia 27, quando eu acordar, eu comemoro... Ainda vai dar tempo de ser e ter aquilo que eu mais quero...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Palhaços

Existem para serem engraçados, mas não acho que o sejam sempre. Geralmente não vejo graça em suas palhaçadas e brincadeiras. Talvez eu não tenha o senso de humor 'apropriado' e se tiver ele deve ser péssimo. No mínimo, peculiar. Tudo em um palhaço é diferente. Suas roupas são extravagantes quando não, ridículas: coloridas e descombinantes, sapatos enormes, perucas, além do nariz vermelho dão um toque especial. Independentemente da roupagem, da cara pintada - aquele sorriso que ultrapassa os limites da boca - ele, o palhaço, é alguém que aparece e está ali pra te fazer rir. Ou pelo menos arrancar um sorriso, mesmo que ele seja amarelo, desdentado ou forçado. Não tenho nada contra palhaços, só deparei-me com uma curiosidade sobre-humana de saber o que diabos eles escondem. Ou melhor, em como escondem. Ninguém esconde algo ou nada tão bem quanto um palhaço... Talvez a maquiagem esdrúxula ajude, ou quem sabe os palhaços tenham uma inteligência emocional acima da média e, portanto, possam enganar e esconder seus problemas com facilidade, eu não sei...

Provavelmente eu tenha achado graça deles enquanto menina. Lembro de ter ido a circos, mas não me lembro dos palhaços. Talvez eu até tenha medo deles. Afinal, palhaços também podem ser assustadores. Depende de quem interpreta e dá vida ao palhaço, da sensibilidade na hora de brincar e fazer troça, sei lá. Alguns deles me assustam porque me parecem falsos: esbanjam uma alegria que não sentem e também escondem uma tristeza que dói na alma. Essa idéia de ficar disfarçando o que se sente enquanto tenta fazer outro rir é cruel. Por que os palhaços também devem querer chorar vez ou outra no meio do seu expediente. Os outros mortais podem se dar a esse luxo quando estão mal. É só dar uma corridinha até o banheiro, respirar fundo umas 20x, lavar o rosto e pronto. Os palhaços não. Eles não podem chorar pra não borrar a maquiagem, disfarçam e precisam achar graça pra fazer com que outros possam rir. Acho que os palhaços me intrigam tanto porque eles conseguem justamente isso: disfarçar. Parece algo simples, mas eu não sei e não consigo... Acho que o segredo dos palhaços está em abstrair. Só pode...

Sou fã desses palhaços e respeito o trabalho que desenvolvem à duras penas. Mas também existem aqueles palhaços que estão entre nós. Estes não usam maquiagem, nem peruca, nem nariz vermelho ou sapato quilométrico. Ou seja, pra reconhecer um palhaço desses já é bem mais difícil. É capaz de vc cruzar um desses na rua e nem saber. É capaz de você conviver com um e ainda não ter se dado conta. O problema destes palhaços é que eles não são engraçados. O problema destes palhaços é que eles existem pra fazer os outros de palhaço. Eles existem pra achar graça da sua vida...

O pior palhaço é justamente aquele que não quer ser, pois todo mundo já foi um, um dia. É duro quando você olha pro outro e se reconhece um. É uma merda quando te olham e você se dá conta de que é uma. Só que ser esse tipo de palhaço não é legal. Ainda mais quando riem da sua cara: linda e formosa, sem maquiagem nenhuma pra disfarçar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Don't give up on me...

Pelo menos não ainda. É o que eu tenho vontade de te dizer. Aceitaria a sua desistência se você tivesse me olhado nos olhos e percebido: realmente aí não há nada que me faça querer ficar. E por mais que a gente tenha tentado, a nossa vez ainda não chegou. Você continua sem me ver...

Tenho vindo aqui, todas as noites, mas não consigo escrever. Os pensamentos, misturados aos sentimentos dão um nó. É um verdadeiro cabo de guerra. Graças a você, é uma briga igual - já que há mais de ano tenho deixado a minha emoção tomar conta. Eu que sempre tinha sido tão racional antes, me perdi inteira quando cruzei você. Hoje eu não sei o que eu sou, pois você faz parte daquilo que eu tenho de melhor e pior. E você sumiu, eu sumi. Não me reconheço sem você e isso dói porque é algo que eu não tenho controle. Pelo menos não ainda... Não me conformei e continuo sem entender certas coisas. Não fosse o meu orgulho besta, nem o seu, a gente poderia estar falando. Fazendo aquilo que a gente faz melhor e a única coisa que nos resta, que nos aproxima... Não sei dizer que força sobrenatural é essa que me impede de te alcançar. Só que essa maldita incomoda e incomoda muito... Tudo muda quando ela surge, tudo desanda de uma certa maneira, todo tipo de medo se instala e todo choro tem vazão e razão de ser. Acho que o negócio é comigo, afinal de contas você já passou por isso outras vezes e deram certo. É comigo que a coisa não anda nem desanda. Só queria saber o porquê... E pensar que a gente esteve a minutos de distância e não os malditos quilômetros de todo dia...

Talvez eu ainda tenha expectativas enormes com relação a você. Não imaginava que um sorriso seu, um abraço, um beijo, um toque, uma palavra ou uma lágrima fizessem parte do rol das coisas que eu não deveria ansiar tão exageradamente. Eu teria pago tudo, o pouco que eu tenho pra ter visto e vivenciado isso - e muito mais - em você e com você... Mas eu não consigo. É uma vontade que eu não consigo realizar... Se ao menos você pudesse me ajudar, mas como? Você não pode me ver, não pode me tocar, não pode me abraçar forte e me pegar no colo pra me jurar que tudo vai ficar bem... O quanto disso será nossa culpa? Afinal de contas o porquê diabos Ele faria a gente se encontrar se não conseguimos, não podemos ou não temos a menor possibilidade de ficarmos juntos? Não é justo...

Não me deixa ainda...Fica comigo? Me ajuda a dormir, pelo menos mais uma vez? Antes que o dia... A noite acabe e você finalmente se esqueça... Me esqueça mais uma vez...