quinta-feira, 29 de outubro de 2009

We'll always have London...

Penso muito em você. Não queria que esse texto fosse tão pessoal, mas hoje eu não pretendo transferir aquilo que sinto ou meus momentos, para um personagem qualquer. São momentos meus. Ou melhor, nossos. Também não vou correr o risco de que a minha memória comece a esquecer cada detalhe, de cada dia, dos 3 meses em que passamos juntos. Às vezes eu penso em como teria sido mais fácil se tudo tivesse permanecido no campo virtual. Você a um oceano de distância e eu aqui. Foram meses assim e já estava bom. Mas algum tempo depois a gente quis mais. Era preciso tornar real. Você veio pra cá e quando te vi, tão diferente daquele garoto que conheci na faculdade, o friozinho na barriga foi um sinal: soube exatamente que queria isso e que já não tinha mais volta. O sofrimento por ter que ver você partir - cedo ou tarde - , naquele momento, parecia tão distante. Eu escolhi e aceitei todas as conseqüências. Sim, eu ainda penso muito em você, mas é difícil descrevê-lo com poucas palavras, pois você representou uma infinidade de coisas pra mim. É tudo tão maior que eu e qualquer palavra ou tentativa vai soar pequena ou insignificante. Prefiro lembrar os momentos e eu lembro de tudo, tudo, tudo... Das conversas intermináveis dentro do meu carro, com você deitado ao meu colo e falando sobre o rumo de nossas vidas. Com os vizinhos do prédio ao lado a nos observar. Das cervejas, ices e vinhos que compartilhamos nos lugares mais banais ou diferentes. Davam a coragem necessária pra falar aquilo que ninguém mais sabia a respeito de nós mesmos. Não sinto falta do bigodinho, mas adorei o souvenier que você me deixou. Sinto falta de observar as pessoas caminhando no parque nos dias frios. De ver seus olhos consumistas brilharem por qualquer parafernália eletrônica. De você brabo comigo no meio da rua e me impedindo de dirigir levemente alcoolizada. Dos seus abraços, dos seus beijos intensos e que percorriam o meu corpo inteiro. Do toque das suas mãos. Da sua pele na minha. De você dividindo a minha cama. De dormir e acordar feliz por ter você ali. Das nossas pernas entrelaçadas. Do seu cheiro. Da sua presença. Dos amassos. De todos os blues possivéis e imagináveis. Dos nossos apelidos. Dos filmes e seriados que assistimos. Das suas histórias. Das nossas sobremesas. Da sua risada. Da nossa preguiça. Dos amigos que conheci através de você. Das baladinhas com eles e os programas a dois. Do seu olhar sério e o medo do que você poderia vir a me dizer. Do ciuminho saudável. De saber ser observada por você e me sentir totalmente aceita. De analisar suas fotos. De você capturando os meus momentos. De você não conseguir ler nos meus olhos aquilo que eu queria que você enxergasse. Das nossas mãos dadas. Do carinho. Do seu cuidado comigo. Da sua preocupação. De me encorajar a todo instante. Das mensagens que deixei no seu celular e suas ligações como resposta. Do medo de me apegar. Medo que você também teve. Da caminhada quilométrica e sem rumo do nosso último sábado juntos. Do descanso. Das cervejas pra matar a sede. De ouvir os planos da sua viagem. Do meu último choro acompanhado do nosso alívio. De ver você feliz. De estar feliz junto. De ter vivido tudo isso. De saber que teve muito mais. De não saber que o último dia era realmente o último. Foi tão simples... Se eu apenas soubesse...
Não quero e nem vou repassar isso para personagens. Eles não teriam vivido tudo com a mesma intensidade e entrega que eu. Finalmente alguém me deu tudo aquilo que eu quis um dia. Mesmo que a curto prazo e distância cruéis. Espero ter conseguido proporcionar algo de bom em você e pra você. Que você se lembre de tudo com o mesmo carinho que eu. Talvez o seu afastamento nos últimos dias tenha sido a melhor opção. Eu sou tão ruim para despedidas e desapegos quanto você. Mas acho que também não teria mudado nada naquilo que a gente viveu. Podia ter feito mais? Ter sido melhor? Diferente? Não tem como saber agora, mas pelo menos we'll always have London e que é lá que você vai estar me esperando para o que ainda tiver que acontecer.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Coffee break

A amargura do café não. Hoje não. Quero algo mais doce, mais cremoso... Com os pés descalços e a camisola folgando no corpo ela caminha até a cozinha para o café da manhã. Pega as latinhas de café, achocolatado, açúcar, leite em pó... Tudo para fazer o seu próprio cappuccino. Enquanto separa ingredientes, pega canecas e bacias, vai ponderando sobre os rumos de sua vida até então. Como é bom estar de férias! Não admitir que já sente falta do trabalho é estratégia para enganar a mente. Ela já está quase enlouquecendo de saudade. E se eles gostarem mais do substituto? O que diabos irá acontecer comigo? E se ele me contradizer na frente dos outros? E se ele rir ou roubar parte das minhas idéias? E se... Ah, pára de pensar nisso! Relaxa enquanto você pode...
Havia aprendido a receita de cappuccino com a mãe. Não sabia se fazia uma medida para o momento ou se preenchia latas e latas com a mistura para semanas a fio. Peneirava pó por pó com uma paciência de Jó. Quem me disse que cozinhar pode ser uma terapia? Parou, olhou pela janela, para as plantas lá fora e lembrou. Foi ele. E uma avalanche de lembranças, de repente, se fez presente. O café na cama e a variedade de doces folhados que ele tinha escolhido só para ela. E as noites frias e de chuva em que ela acordava assustada, mas se acalmava ao sentir o calor, o abraço e o toque das mãos dele. E as tentativas frustradas de fazer com que ela se exercitasse no parque, mas ela insistia em que não precisava. Era movida a cafeína. E todos os lanches, doces, bebidas nos diferentes períodos do dia. E...
Quando se deu conta, já estava batendo aquela mistura com uma velocidade absurda e o pó que subia foi grudando em suas mãos e braços. Parou, num misto de euforia e desalento. Colocou a bacia na bancada. Apoiou as duas mãos e respirou fundo. Uma, duas, três vezes. Controle-se. Não chore porque você sabe que não vale a pena. Passou as mãos por entre os cabelos e aquele cheiro de café, mais chocolate fizeram-na sorrir. O cheiro já estava impregnado em suas narinas e a sensação de bem estar fez com que suas mãos percorressem o seu corpo inteiro. Espalhava aquele pó por entre braços, barriga, colo, nuca, costas e coxas.... Desenhos disformes que eram fixados à pele graças ao seu suor. E ela riu: sentada, sozinha e emporcalhada em sua cozinha. Já não tinha mais necessidade de provar do líquido amargo ou do cappuccino cremoso. Seu tato e olfato já tinham comunicado à sua mente da saciedade. Voltou para o quarto. Nem ao menos cogitou a possibiliade de um banho. Jogou-se na cama, forrada por lençóis brancos. Ficaria ali a manhã inteira. Rolando de um lado para o outro estampando desejos, saudades, lembranças... E lamentando, amargamente, o fato de ele conseguir odiar café...


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dor

Lembrar. Doer. Querer chorar. Mas não poder. Até pode. Mas você não quer. Não agora. Não ainda. Calma. Pode não ser nada. Só lembranças... Malditas! Benditas! Não sei e nem quero saber! Por que elas ficam se você tem que ir embora? Leva tudo com você. Sofre no meu lugar. Não quero... Leva, por favor? Vai, anda! Já disse que não quero! Merda! Você some e eu fico com tudo. Todas elas. Obrigada. Obrigada por me querer bem. Pelo seu egoísmo. Por pensar em mim. E é exatamente por isso que eu não vou chorar. Me proibo. Simples assim. Agir como você é fácil, só que eu não quero ser como você.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alívio

Preocupação e ansiedade. Parece não ter fim.
Depois, bem depois vem o alívio. Mas não ainda.
Chorar e rir ao mesmo tempo. Para depois optar por um ou outro. Felicidade pela escolha. Tristeza pela que ficou para trás.
Depois, bem depois vem o alívio. Mas não ainda.
Desgaste físico. Mental. Estresse. Raiva. Angústia. E a calmaria. Tudo junto e misturado. Montanha russa emocional.
Depois, bem depois vem o alívio. Mas não ainda.
O respirar difícil. A decisão. A coragem. A ousadia. O medo de errar o básico. O coração batendo acelerado.
Depois, bem depois vem o alívio. Mas não ainda.
Encarar tudo. De frente. Com convicção. Com razão. Com justiça. Não tem como errar. Não tem como ficar mal. O resultado pode até não ser o esperado. Mas depois de tudo isso... Nada, mas nada é melhor do que a sensação seguinte.
Descanso... Repouso... Folga... Conforto...Consoloção...Chame do que quiser. Tudo é alívio... Puro! Aquele que você sente agora.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Descobrindo você...



Um dia, eu chamei ele: vem qui!
Ele não veio e eu chorei.
Não sei porque.
Não caí do balanço, não me ralei, não fiz dodói.
Mas doeu de um jeito diferente...
Lá bem dentro de mim.
No outro dia, ele veio.
Eu nem chamei...
Quando ele me tocou
Eu gritei: sai daqui!
Ele me olhou assustado.
Eu também me assustei...
Ele foi embora. Ele chorou.
E eu chorei também...