terça-feira, 30 de setembro de 2008

A outra...

O corpete que ela está usando é lindo. Novinho e vermelho sangue bem do jeito que ele gosta. A calcinha é micro e até dá uma levantada naquele bumbum que ela quase não tem. Ela se olha no espelho e até que gosta do que vê. Geralmente ela só sabe reclamar do próprio corpo, mas ele faz com que ela enxergue o contrário em dois leves toques...

Está a sua espera já faz mais de hora. Ele quase nunca se atrasa. Sai do trabalho e vai direto pra lá. Eles não têm muito tempo. Umas 3 horas no máximo e com sorte. Ela odeia esse muquifo onde está, mas já não imagina suas quintas-feiras longe do lugar. Vazio e silencioso, ele dá medo. Mas quando 'cheio', com as roupas de ambos espalhadas pelos cantos, com seus corpos suados e em movimento constante, com o alcóol inebriante espalhado pelas mesinhas de cabeceira, além dos sons e gemidos destes mesmos corpos ardentes e que se desejam mais que tudo, o muquifo se enche de vida. A vida que é a deles...

Já faz 2 anos que estão saindo. São meros amantes. Se for pra seguir consensos, ele é mais um grande filho da puta e ela é apenas mais uma outra. Menos sério que isso, não tem como ficar. Ela não sabe os podres do casamento dele e prefere assim. É mais fácil poder agir e ser a outra sem estar a par de uma vida que não a pertence. Não pode fazer nada além de oferecer seu corpo e sua boca pra ele sem dó e com muito gosto. Apesar de ele ter uma mulher linda, cheia de saúde e um filho de 3 anos, ela sabe que ele sofre. É apenas um sofrimento diferente do dela...

Maldita a hora em que se conheceram. Ela estava sozinha tomando um café numa confeitaria movimentada, olhando a chuva lá fora quando ele parou buscando abrigo bem em sua frente. Ele, todo molhado, querendo saber o que acontecia lá dentro avistou-a e cruzou seus braços, tremendo como se dissesse: tá frio aqui! Ela sorriu e ergueu sua xícara de café quente, como se dissesse: um café ajudaria a esquentar! Ele entrou, tomou um café, conversaram - ela tinha ficado fascinada pela personalidade dele - e sairam rumo ao motel em menos de 1 hora. Rápido assim...


Agora estava sentada, tomando sua taça de vinho e relembrando os momentos que a colocavam bem ali: à espera pelo homem amado. O álcool ajudava-a pensar e a criar coragem para as coisas que não faria ou diria em sua sã consciência. E sim, ela o amava, independentemente do alcóol. Ela sabe que o sofrimento dele está em viver uma vida que ele nunca quis, mas aceitou por circunstâncias maiores do que ele. O sofrimento dela está em saber que eles se cruzaram tarde e que ela nunca será a única na vida dele, muito menos a oficial. Aquela que é apresentada nos jantares ou a que todos lembram quando o assunto é ele. Ela é uma artista e se ele fosse um pintor, ela seria o pincel e o pedaço da mente dele que dão graça aquele quadro cinza que sua mão carrancuda e pesada insiste em rabiscar. As nuanças que ela pinta, aqui e lá, não são exageradas, mas já enchem o quadro dele de cor, de paixão, de vida. Não queria ser um segredo, mas é isso que ela é. Não queria ser relegada a segundo ou terceiro plano, mas nem nestes, ela está. É mais uma, mais uma que sofre, que ama e que sabe que a vida que ela quer não é aquela que ela tem...

De súbito, tacou sua taça quase cheia contra a parede. O vinho escorria, fugindo de uma mancha hedionda. Os respingos pareciam lágrimas, lágrimas vermelhas, como que pra simbolizar aquele choro que vem da alma. Cansou de esperar. Ele nem ao menos ligou. E ela resolveu que mandaria ele se foder, caso ele desse algum tipo de notícia. Seu corpete e calcinha vermelha não passariam incólumes por aquela noite. Vestiu sua roupa, pegou a garrafa de vinho e bateu a porta atrás de si. Trancou-a como se nunca mais pretendesse voltar. Sabia que a reviravolta era momentânea, mas já que ela era somente a outra na vida de alguém que ao menos aproveitasse um outro. Um outro semelhante à ela...

sábado, 13 de setembro de 2008

Quero lutar com você...

25 anos de casados. Foi o que seus pais comemoraram ontem. Hoje estão a caminho da Europa onde pretendem descansar, (re) visitar e degustar os mais elaborados pratos e vinhos de todo o Mediterrâneo. Eles ficarão longe por 1 mês. 30 longos dias...

A tarefa mais chata que ela tem para fazer, enquanto seus pais estão fora é levar seu irmãozinho de 5 anos às aulas de judô. Uma hora do seu dia perdida assim, só para observar o irmão. Duas vezes por semana... O que diabos eu vou ficar fazendo enquanto essas crianças se matam em plena aula?

No primeiro dia levou um livro. Tão logo bateu os olhos no professor sabia que não leria nada naquele lugar. Ele era alto, cabelo raspadinho, pele morena e de olhos castanhos. O corpo só podia ser escultural, com músculos bem definidos. Ela não podia afirmar isso, pois o quimono escondia todo o objeto de desejo. Aquele que ela sentiu brotar num simples piscar de olhos...

Todas as cadeiras já estavam ocupadas por mães, babás e irmãs. Resolveu sentar no chão - como os índios - porque ficar de pé, aquela altura, era quase impossível. A voz dele era tão grave e cada comando para os pequenos parecia ser dirigido à ela. Todo mundo correndo, ele dizia. Ela pensava, só se você vier atrás de mim e me agarrar com tudo. Agora todo mundo fazendo flexão! Só se eu estiver embaixo de você e te prendendo com força entre as minhas pernas... Agora um pouco de abdominal, pessoal! Só se eu estiver sobre você requebrando sem parar... Ficou ruborizada com seus próprios pensamentos. O que significava dizer que estava ficando com tesão...

Enquanto ele falava, ela já se imaginava numa aula particular com o 'mestre'. Totalmente submissa, mas não sem antes ter lutado e cravado unhas e dentes... Ainda no aquecimento, os alunos escalavam o professor rumo ao topo. Encostar a mão no teto era o objetivo. Ela começou a sentir calor, muito... Os pequenos subiam, colocavam os pezinhos em suas coxas, se agarrando em seu pescoço e montando em suas costas. Estava passando mal só de imaginar o que ele não faria com ela e aquela força animal reprimida para não machucar as crianças. Como ela queria ser violentada por aquelas mãos. Sentir aqueles dedos compridos deslizando sobre o seu corpo, apertando sua carne... Olhou ao redor e viu mães conversando, babás folheando revistas de fofocas e relaxou... Estava longe de ser o centro das atenções, mesmo explodindo de tanto desejo.

Queria descer a calça, arrancar a própria calcinha e acabar com aquela urgência pelo corpo do professor, mas não podia. À essa altura, ele já estava direcionando os alunos para a luta, corpo a corpo. Olhar um brutamontes daquele "lutando" com uma criança quase indefesa atiçou ainda mais sua libido. Meu Deus, como queria ser eu aí, nesse tatame e te desafiando sem parar! Estava suando e sua respiração acelerada, entrecortada. Precisava se tocar, desesperadamente! Estava de tênis, com as pernas cruzadas. Já que não posso usar a mão, vou tentar com o pé, pensou. E começou a roçar o seu calcanhar em seu sexo, bem devagar... Enquanto movia o pé pra frente e pra trás, o calcanhar roçava mais e mais forte... Estava dando certo... Apoiou suas mãos às costas e arqueou o corpo de forma que o pé fosse mais pra baixo. Ah que perfeito, agora vou perder o controle mesmo! Começou a remexer o quadril de maneira quase que imperceptível e se deixou embalar por ondas 'contidas' de prazer...

Não sabia se estava sendo observada, não sabia se seus gemidos foram baixos o suficiente para não serem ouvidos, não sabia de mais nada... De olhos fechados, alheia ao mundo e a situação, pôde atender a alguns pedidos e anseios do seu próprio corpo. Não vê a hora de voltar para perto daquele tatame para mais uma 'aula'. Ao observar as crianças e seus movimentos vai aprendendo como lutar. Ela ainda há de derrubar e lutar com aquele professor...