quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para quem já foi criança I...

Meu primeiro ursinho de pelúcia ainda existe. Falta um olho e ele está encardido, mas ainda existe. Lembro que quando eu apertava a patinha dele e falasse algo próximo ao seu coração vermelho, ele gravaria e repetiria as mesmas palavras. Acho que ele era moderninho para época. Nas costas do ursinho tinha um zíper. Ao abri-lo, existia um espaço considerável para a bateria e os fios necessários para fazê-lo funcionar. E eu brinquei muito com ele. De escolinha, mamãe ursa e filhinho e tudo mais. Um belo dia, resolvi usar esse compartimento como esconderijo. Era perfeito. E eu explico o porquê. Minha bisa, vivia chupando balas o tempo todo. De todos os tipos e sabores, mas as que ela mais gostava eram aquelas balinhas 'soft' (que nem existem mais, mas eram uma delícia) e que se entalassem na goela das crianças era um pandemônio só! Ela vivia distribuindo balas para meus irmãos e eu. Somos em 5. E eu não era lá muito fã de compartilhar ou dividir balas e brinquedos. Pelo menos não toda hora. Um dia, resolvi esconder minhas balas no tal do ursinho falante. E meus irmãos nunca descobriram esse esconderijo e eu passei a usá-lo várias vezes para esconder coisas que eu não queria que fossem encontradas de jeito nenhum. Até que um belo dia, eu escondi milhares de balas acumuladas (soft de laranja e morango - as preferidas) ali dentro. Forrei as costas do urso até ele praticamente começar a cuspir balas... Mas eu acabei esquecendo. Dele e das balas. Por um bom tempo. E quando eu fui brincar com ele novamente e olhei meu esconderijo fantástico, as balas tinham derretido. Lambuzado tecido e só não encontrei formigas de todos os tamanhos porque, bom, eu não sei o porquê. Mas, como toda criança que acredita que as coisas não estragam, ainda tentei fazer o ursinho funcionar, só que ele obviamente não me obedeceu. E acho que talvez eu tenha aprendido a lição de que brinquedos, esconderijos e gula podem não combinar tanto assim quando se é criança.

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