O espetáculo da vida!
Há 6 anos
O passado sempre parece mais próximo do que realmente está... E isso perturba. Como se você precisasse trazer a tona algo relativamente marcante (de bom ou ruim) para perto. Pra lembrar da sua existência. Pra lembrar e sorrir ou chorar com algo que viveu. Eu não quero trazer mais nada para perto. Já quis muitas coisas de volta. Quis que elas permanecessem no presente e estivessem cada vez mais consolidadas no futuro. Mas hoje eu aprendi e quero que as lembranças fiquem exatamente onde devem ficar. Lá atrás. Que elas criem mofo de tanto afastamento, adquiram um tom acinzentado de tempo que passou e que não é pra voltar. Afastamento não quer dizer esquecimento. Quer dizer lembrar de alguma coisa e, quem sabe, conseguir sorrir sem esperar nada em troca. Em plena neutralidade. Que todas as lembranças boas, respirem. Que todas as outras, mofem. Se um dia eu sentir falta, que eu encontre a indiferença em primeiro lugar. Em algum lugar.
Ano confuso. Cheio de surpresas. 2009 tinha sido tão espetacularmente bom que eu achei que 2010 não fosse chegar aos pés. Mas chegou. Ou melhor ultrapassou. Pela mudança de ares. Pelo aprendizado. Pelas pessoas que entraram na minha vida. E que ainda vão ficar por um tempo. Por aquelas que saíram. Por livre e espontânea vontade. Pelos amigos de perto. Que vieram pra mais perto ainda. Por todas as lembranças, por todas as dores, pelo que ainda está por vir. Pelo que ainda está longe e eu não conheço. Porque o melhor de 2010 ainda está comigo. Bem dentro de mim. Porque o melhor de 2010 na verdade vai chegar em 2011. Como um presentinho atrasado. Como o MELHOR de 2011. 2010 foi o marco da felicidade para todos os anos que ainda estão por vir.
Última cena da minha infância que eu compartilho. É a mais vergonhosa. A mais humilhante. A que tem mais cara de Letícia. Aquela cena que alguém da minha família presenciou e não esqueceu nunca e passou adiante para os demais e todos me tiram sarro até hoje.
Descobri que você ainda vem aqui. E que lê os textos sem graça que eu costumo escrever. E apesar de todas as besteiras e blá,blá,blá que costumam cruzar minha cabeça desocupada, fico feliz por isso. De alguma forma, você ainda pensa em mim. Ou lembra de como tudo parecia mais fácil antes. Saudade already! Os dias, as semanas, os meses se repetem e eu quase não sei mais de você. Sai ano, entra ano e temos falado cada vez menos. Mas, quando aparecer de novo, por favor, deixe seu recado... Talvez você atenda ao meu pedido e me escreva, assim como talvez eu te responda... E quem sabe você possa aparecer com uma certa freqüência. Talvez...
Ando pensando muito na minha infância. Acho que porque vou experimentar e ver uma de muito perto daqui alguns meses. E eu nunca imaginei que fosse admitir isso, mas eu era mega medrosa quando criança. Pelo menos a noite. Pelo menos no escuro. Não enxergar nada e imaginar seres de outros planetas, bicho papão, fantasmas e monstrengos te puxando o pé quando se está deitada na cama pode ser assustador. Ninguém mandou assistir filmes de terror achando que era muito grande para tanto. Ficava tão impressionada que não dormia e imaginava mil coisas. Acho que minha insônia pode vir dessa época. De qualquer forma, dormir com minhas irmãs gêmeas no mesmo quarto não me bastava. Eu dormia no beliche (em cima) e sempre imaginava uma cobra subindo e rastejando pela parede que era exatamente onde eu ficava encostada de olhos bem abertos e pronta pra sair correndo, caso acontecesse alguma coisa. Até que eu era vencida pelo cansaço e dormia. Mas às vezes, algumas poucas vezes, eu sentia tanto medo que acordava as irmãs mais novas e contava uma estória de como era bacana dividir a cama uma com as outras. Ficar conversando baixinho, bem pertinho. Mal elas sabiam que por trás da 'brincadeira' de dormir juntas ou a de conversar baixinho pro pai e a mãe não ouvirem, tinha um medinho real da irmã mais velha aqui. Eu me sentia mais segura bem no meinho das duas e com as pernas bem flexionadas para que nada, absolutamente NADA pudesse alcançar ou puxar minhas pernas indefesas. Mas aí o dia clareava e eu já podia ser forte e corajosa de novo. Pelo menos até a noite.
Meu primeiro ursinho de pelúcia ainda existe. Falta um olho e ele está encardido, mas ainda existe. Lembro que quando eu apertava a patinha dele e falasse algo próximo ao seu coração vermelho, ele gravaria e repetiria as mesmas palavras. Acho que ele era moderninho para época. Nas costas do ursinho tinha um zíper. Ao abri-lo, existia um espaço considerável para a bateria e os fios necessários para fazê-lo funcionar. E eu brinquei muito com ele. De escolinha, mamãe ursa e filhinho e tudo mais. Um belo dia, resolvi usar esse compartimento como esconderijo. Era perfeito. E eu explico o porquê. Minha bisa, vivia chupando balas o tempo todo. De todos os tipos e sabores, mas as que ela mais gostava eram aquelas balinhas 'soft' (que nem existem mais, mas eram uma delícia) e que se entalassem na goela das crianças era um pandemônio só! Ela vivia distribuindo balas para meus irmãos e eu. Somos em 5. E eu não era lá muito fã de compartilhar ou dividir balas e brinquedos. Pelo menos não toda hora. Um dia, resolvi esconder minhas balas no tal do ursinho falante. E meus irmãos nunca descobriram esse esconderijo e eu passei a usá-lo várias vezes para esconder coisas que eu não queria que fossem encontradas de jeito nenhum. Até que um belo dia, eu escondi milhares de balas acumuladas (soft de laranja e morango - as preferidas) ali dentro. Forrei as costas do urso até ele praticamente começar a cuspir balas... Mas eu acabei esquecendo. Dele e das balas. Por um bom tempo. E quando eu fui brincar com ele novamente e olhei meu esconderijo fantástico, as balas tinham derretido. Lambuzado tecido e só não encontrei formigas de todos os tamanhos porque, bom, eu não sei o porquê. Mas, como toda criança que acredita que as coisas não estragam, ainda tentei fazer o ursinho funcionar, só que ele obviamente não me obedeceu. E acho que talvez eu tenha aprendido a lição de que brinquedos, esconderijos e gula podem não combinar tanto assim quando se é criança.
Se todo homem fosse igual ou remotamente parecido com você, eu não teria problemas
Eu sempre soube que existia um motivo muito forte para as pessoas odiarem lavar a louça. Eu até gosto de lavá-las, deixá-las limpinhas e iluminadas prontas para novo uso. Mas a partir do momento em que elas são mais privilegiadas do que eu - em minha própria casa - aí é de odiar mesmo. O motivo? A água. Comecei a achar quase impossível para a boa saúde das minhas mãos lavar a louça nesse frio com a água gelada. E eu sempre resisti muito bem a temperatura baixíssima da água. Ontem, resolvi experimentar lavar minhas amiguinhas com a água quente. E quase senti um ódio mortal no coração e por pouco não joguei tudo contra parede. A água em que elas são lavadas - por mim e com toda dedicação - é bem mais quente que a água em que eu e todas as pessoas da casa, tomamos banho! Eu posso com isso? Das duas uma: ou eu vou começar a me banhar na pia - e seja o que Deus quiser e que ninguém entre na cozinha enquanto eu estiver lá - ou eu vou (quase não acreditando em mim mesma e sofrendo pessimamente com a idéia) parar de tomar banho. Até esquentar de novo.
"Eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim. Mas se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo."
Sempre deixa suas marcas. Boas ou ruins elas estarão sempre ali. É bom quando encerra e você ainda consegue manter o sorriso no rosto, pois os momentos bons e felizes foram mais fortes do que aqueles que te deixaram pra baixo. Experimenta-se uma sensação de alívio, de missão cumprida. E a vida segue...
São 3 as opções. Prefiro o número 7. E em todas as noções de tempo possíveis. É menos tempo. Consigo pensar em apenas 7 horas. Mas na verdade poderiam ser 7 dias, 7 semanas, 7 meses ou 7 anos. Pararia de contar a partir dos anos... E mesmo assim seria algo relativamente suportável...