domingo, 30 de novembro de 2008

Garrafa ao mar...

Não achei que fosse uma pessoa de juntar tralha, mas fuçando e limpando minhas gavetas, me assustei. Encontrei textos, trabalhos e provas da época da faculdade e lá se vão 5 anos. Relendo as folhas já amareladas, encontrei um desabafo. O texto não é bom, está mal escrito, pois muito provavelmente eu deveria estar alcoolizada quando o escrevi. O que importa é que dá pra ter uma idéia daquilo que eu quis dizer. Nunca o entreguei para avaliação ou qualquer coisa do tipo, mas este eu teria jogado ao mar, dentro de uma garrafa transparente. Quem sabe a pessoa que a encontrasse, se a garrafa fosse descoberta um dia, entendesse o meu estado de espírito daquela época e fosse solidária à minha crise profissional-existencial ou seja lá o que for. Aliás, esse deve ter sido o meu primeiro Porre Literário. Segue o texto amador e sem cortes (mentira, editei o mínimo possível) para a posteridade.

Curitiba, 11 de maio de 2003.

Mensagem errada

Hoje é dia das Mães e o meu dia foi normal. Não sou mãe, mas tenho a minha, que tem a dela e é assim com tantas outras mulheres...
Uma redescoberta, porém, me fez vibrar no dia de hoje. Perguntei aos meus pais se eles lembravam o que eu costumava responder à pergunta: o que você quer ser quando crescer? Eles disseram que eu sempre quis ser escritora. Engraçado como eu não me recordava disso, e no entanto, estou cursando jornalismo. Se for parar pra pensar, é o caminho mais curto para se alcançar ao 'status' almejado. Isso mostra como nunca tive dúvidas do que eu realmente queria ser ou fazer.
Logo após a conversa relembrei momentos da minha infância. O quanto gostava de ler e escrever. Tenho certeza de que inventei e viajei em várias estórias. Se não faziam sentido, não tinham pé nem cabeça, já não importa. O que importa é que elas estavam ali e eu tinha facilidade em encontrá-las e transcrevê-las numa folha de papel. Já sentada em frente ao computador, querendo desabafar com a máquina, comecei a questionar se a realidade nua e crua do jornalismo diário pudesse afetar esse meu 'poder de criação'. Não consigo encontrar essas minhas estórias antigas. Perdi em algum lugar, ou pior: elas simplesmente deixaram de existir.
Quero escrever, gosto, preciso disso para viver. Não me sinto nada, não me sinto gente sem poder me expressar dessa forma. Quando criança, pude fantasiar o meu próprio mundo. Acreditava que tudo era bom e bonito. Hoje, a fantasia morreu e eu me vi obrigada a crescer. Tudo ficou e é mais difícil. Pensei que em minha profissão de jornalista fosse me realizar, mas sinto que não é algo pra mim. E isso dói. Dói porque as palavras que os jornalistas usam, dependem de verdades, de fatos, de ideologias que nem sempre são as minhas, que nem sempre são as suas e que eu não quero ser obrigada a passar para você...
Nunca tive a intenção de manipular ou enganar as pessoas. Só gostaria de mostrar outras idéias, outras reflexões e opiniões, não necessariamente as minhas. Queria dizer que algumas coisas podem ser diferentes. Não sou filósofa, nem historiadora, não sei nada de nada. Minha única certeza é gostar de escrever. Minha única intenção é de te ajudar.
Sim, o mundo pode ser lindo, tem pessoas boas e as coisas podem dar certo. Em contrapartida, também sou obrigada a mostrar aquilo que ele tem de pior. Quero te mostrar caminhos e dizer que você pode fazer alguma coisa. Você não precisa aceitar aquilo que não quer e nem deve esperar que os outros realizem mudanças por você. Quero mostrar sua capacidade, te dar o valor merecido e respeitar aquilo que você acredita. Quero te ver muito mais crítico, apesar de todos os problemas ou entraves. Quero te ajudar, mas já não estou sabendo como...
O engraçado ou triste de tudo isso é que qualquer jornalista sabe que eu não sobreviveria nem uma semana neste jornalismo diário. Sorte deles, azar e infelicidade a minha... Espero que você, leitor, não se entregue tão facilmente. Encontre outros caminhos e não se fixe a quase nada. Não sei quem poderá te ajudar e te informar da maneira que você merece. Só espero que essa ajuda venha. Independentemente de onde, de quem e de quando ela vier. Que ela apenas venha...

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