sábado, 28 de fevereiro de 2009

Beba!

Tomara que ele não venha hoje. Tomara que ele não venha hoje. Calma. Ela não estava querendo evitar um carinha mala qualquer. O problema não era o cara. Aliás, ele era ótimo. Inteligente, carinhoso e de riso fácil. O problema era que, além de estar numa baladinha que odiava, ela estava com uma cólica terrível. Sabia que não seria a melhor companhia aquela noite. Deixou de beber porque achou que pioraria a dor. Quase não falou, mas sorria ao ouvir as histórias de seus amigos. Foi uma boa ouvinte. Mas, cedo ou tarde, ele chegou. Merda! E apesar de todo o esforço dela para ser simpática e querida, ele percebeu que tinha algo errado...

- O que você tem, hein? Tá meio quieta, distante...
Ela não tinha o porquê mentir. O problema não era ele. Era puramente fisiológico.
- Desculpe, é que eu estou com uma cólica gigantesca. A dor tá insuportável...
- Você está bebendo?
- Não, achei que poderia piorar, sei lá...
- Hum, você devia ter bebido algo...
Ela não soube dizer se ele estava falando sério ou se era brincadeira. Ele insistiu.
- É sério! Não é a melhor solução, mas já que não temos analgésicos... O álcool ajuda a anestesiar a musculatura lisa que é...
- Ah, que ótimo! Eu sofrendo enquanto uma cervejinha ou uma dose cavalar de vodca aliviaria toda a minha dor? Por que você não me disse isso antes?
- Como eu iria saber? Você também não perguntou!
- Ah, tá...

Ele riu e foram os dois em direção ao bar. Ela sorriu de volta ao lembrar que ele era farmacêutico. É claro que ele sabe o que está falando. Não havia razão para não seguir aquela recomendação. Isso aconteceu há 10 anos quando ela era jovenzinha o suficiente, mas foi um belo conselho. Atualmente, eles já não têm mais contato direto, mas ele ficou marcado. Não como o cara que estava tentando embebedá-la para, com sorte, levá-la pra cama. Mas sim como o 'cara que pagou um drinque simplesmente para livrá-la de uma cólica'. Quer atenção maior que essa? Por sorte, ele resolveu aparecer aquela noite...

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