quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Pensamento de uma vida

É engraçado pensar nas recordações que as pessoas costumam carregar relacionadas à infância. Eu, por exemplo, lembro de ter 8 anos e ficar com medo de não ter alguém em quem eu pudesse me apoiar (não emocionalmente e todos os 'entes' possíveis). Lógico que eu nem sabia o que era isso. O apoiar é no sentido de estar junto. Ou seja, naquela época eu devia estar mais preocupada em ter alguém para simplesmente brincar comigo. E só comigo, se fosse a nossa vontade (pois as crianças também podem ser más e cortar as outras das brincadeiras). Na minha cabeça meio precoce - eu imagino - as coisas funcionavam bem assim: o papai tinha a mamãe. O meu irmão mais velho tinha o irmão mais novo. Na sequência, eu. E depois de mim, vieram as gêmeas. Ou seja, quem ficou sem par na brincadeira da minha família fui eu. Até os cachorros tinham um ao outro. Mas eu, com 8 anos de idade não tinha ninguém. Acho que esse medo permaneceu comigo mesmo que em estado latente e eu acabei me isolando em várias situações ao longo da vida. O pai e a mãe continuam juntos. Os irmãos casaram. Cada um tem sua esposa. E o casal de sobrinhos (tem um ao outro, vejam só). E as irmãs continuam solteiras, mas elas têm uma à outra. E eu? Já quando criança não tinha par. E agora, depois de velha, continuo sem par. Não quero morrer sozinha e desamparada. Será que a nóia de criança cresceu e virou uma puta nóia de adulto? Só pode e eu continuo com medo. Talvez por isso o meu desejo de ser mãe seja enorme. Pelo menos teria alguém pra mim... Faz sentido?

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