quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cuida bem de mim?

Ainda não acredito que você levou embora o laptop (que também é meu). Agora eu preciso escrever minhas matérias, textos, lembranças e o escambau a quatro tudo a mão! O pior tem sido recordar. O choro vem rapidinho e eu desisto das lembranças. Às vezes parece melhor esquecer, mas o psicólogo disse que me ajudaria. Não só a minha recuperação, mas também a entender o que acontece com a gente. Em função do acidente eu acabei quebrando as pernas e você saiu ileso. Não consigo nem lembrar o maldito porquê daquela discussão. Foi apenas um desvio de olhar e pronto. Hoje já faz uma semana desde a minha última cirurgia. Uma semana que eu estou deitada na nossa cama sem poder levantar pra quase nada. A Valéria às vezes me coloca na janela. " É bom pegar um solzinho. Vai levantar o astral da senhora". Engraçado como ela tem razão. O movimento na rua é incessante. O mundo acontece lá fora e eu esqueço de mim. Tenho tanto a observar...
A Valéria tem sido um anjo na minha vida. Tem me trazido muitos filmes da locadora. Assisti a todos os lançamentos. Revi boa parte das minhas séries preferidas. Já me sinto tão alienada que até às novelas eu me rendi. Justo eu que odeio televisão. Não parece, mas o acidente já tem 2 meses e meio e você saiu de casa a apenas um. Não me aguentou. A minha maldita crise da meia idade também veio em péssima hora. Justo agora que eu estava totalmente dependente de você. Pra tudo. Até tomar banho. Nunca tinha me sentido assim: tão inútil. Tô com tanta raiva de mim e de tudo que o processo de recuperação deve demorar mais ainda em função daquilo que está preso e me corroendo por dentro. É muita mágoa... Estou tentando - com o que resta das minhas forças - não enlouquecer. Mas não sei até quando eu vou aguentar. Faz 5 dias que você já não aparece aqui. Deve estar precisando de roupas já que não levou quase nada. Seus projetos e papéis continuam em cima da mesa no escritório. Pedi pra Valéria não mexer em nada. Minha mãe tem vindo aqui ajudar dia sim, dia não. Não sei quem dá mais trabalho: se é ela ou eu. Sua mãe também tem ligado. Quer saber de você, mas eu não tenho idéia do que responder. Ela não sabe que você está na sua irmã? De qualquer forma, você não me ligou mais... Não procura saber como eu estou... Me sinto abandonada à própria sorte. Ou azar.
Não sei se é a fase que a gente está. Não sei o porquê tudo desandou. Da minha chatice você já estava vacinado há tempos. Monotonia? Desgaste natural da relação? Isso é tudo muito modernoso pra mim. Não entendo e a minha cabeça deu um nó. Nada faz sentido e eu me sinto uma idiota por ser a única a insistir na gente... Não queria brigar, nem gritar, nem xingar você... Sinto falta da sua paciência. Queria um pouco dela pra mim. Queria seus cuidados... A sua companhia... E agora preciso escrever pra que você saiba aquilo que eu penso ou quero. Na verdade esse desabafo nem é pra você. Sabe-se lá o que o Dr. César vai dizer de tudo isso...
Eu só queria conversar com você, rir, beber, ouvir seus problemas, compartilhar os meus. Discutir nossos planos, os seus, os meus... Como era antigamente... Cuida bem de mim? foi o que te perguntei quando a gente entrou aqui pela primeira vez: no auge da nossa vidinha de recém-casados... Não tinha sido uma simples pergunta. Tinha sido um pedido sincero. Pedido esse que você não soube atender...

4 comentários:

Só para raros disse...

ooooohhhhhhhhhh

beijo,

Letícia disse...

É, eu sei... Meus textos estão muito melosinhos! Nhé,nhé,nhé! Nem parecem meus! hahahahahaha
Beijos

Só para raros disse...

errrrr foi um ooooooooohhhhhhhh de bonito, singelo e essas coisas!rs

beijooo

Letícia disse...

Eu entendi o significado! Fiz uma brincadeira, mas acho que estou perdendo totalmente o jeito... Ninguém nunca me entende! Afffff